top of page
Untitled-2.png

/Avenida
Central

Entre 1902 e 1906, Francisco Pereira Passos, prefeito do Rio de Janeiro (então, Capital Federal) implementou o Plano de Melhoramentos da Cidade – um projeto de reestruturação urbana que previa, entre outras medidas, a ampliação de antigas vias e a construção da avenida Central (atual Rio Branco). Sua proposta visava melhorias na infraestrutura do Centro da cidade, benfeitorias na iluminação e transformações no transporte público (marcadas, principalmente, pela ampliação das linhas de bondes). Para tornar possível esse planejamento de revitalização ocorreu o chamado “bota-abaixo”, ou seja, a demolição de uma série de cortiços e pequenas instalações de comércio popular. No entanto, a região central reconfigurada atraiu novos negócios. A Avenida Central, particularmente, tornou-se o mais importante núcleo comercial e cultural da capital da federação.

Entre 1906 e 1907, foi fundada a companhia de seguros Equitativa e, nas proximidades da Praça Mauá, estabeleceram-se as casas Arens, a Theodor Wille, o Lloyd Brasileiro (de M. Buarque & Cia), a Companhia de Comércio e Navegação, a Caixa de Amortização, a rede de atacadistas Herm Stolz, o Café Frontin e a Casa Hasenclever, bem como a magazine Colombo, na esquina com a rua do Ouvidor. Mais tarde, algumas empresas do ramo jornalístico se transferiram para essa área, destacando-se o Jornal do Commercio (1908), o Jornal do Brasil (1910) e o País, que abrigou em suas instalações a Associação Brasileira de Imprensa (1908). Também foram inaugurados clubes que movimentaram a vida social da cidade tais como o de Engenharia (1910), o Militar (1910) e o Naval (1911). No campo do entretenimento, o mais destacado negócio foi Pavilhão Internacional (1907), de Paschoal Segretto – uma casa voltada para espetáculos variados e exibições do cinematógrafo, considerado, então, uma grande novidade.  Nessa época, muitas empresas e lojas situadas na rua do Ouvidor se mudaram para a nova via. (GERSON, 2013) e (MOTA e PAMPLONA, 2019)

Empresas que representavam o avanço técnico e tecnológico do Brasil e do mundo também procuraram ter seus escritórios na avenida Central, como a canadense Tramway, Light and Power Company. A companhia tinha ficado responsável pela criação da Usina Hidrelétrica do Parnaíba (1901) e obteve êxito na realização da tarefa, conseguindo com isso a autorização para atuar no território carioca. Seguindo o modelo paulista, inaugurou a Usina Hidrelétrica de Fontes, em Piraí, no ano de 1905. A essa altura, já possuía a maior parte das ações da Societé Anonyme du Gaz (da Bélgica) e tinha entrado em um consórcio alemão de concessão de serviço telefônico tornando-se ainda mais poderosa. Seu próximo investimento foi a compra e unificação de empresas de bondes e carris do Rio de Janeiro, em 1907, quando passou a controlar esse serviço de transporte. A sucessão de ações bem-sucedidas fez com que, em 1912, a firma se transformasse em Brasilian Traction Light and Power Co. Ltda. No campo da telefonia, sua importância foi tão grande que chegou a dominar o sistema de comunicações entre as duas maiores cidades do país ao inaugurar a Rio de Janeiro and São Paulo Telephone Company (1916). Tornou-se reconhecida pela iluminação da zona sul do Rio e pela implantação do sistema do novo sistema de bondes da mesma metrópole. (CPDOC, 2020)

Ratificando a modernidade da Avenida, surgiram as primeiras importadoras de automóveis. Entre elas estavam a Antunes Santos, representante da Renault, da Berlet, da Humber, da Peugeot, da Benz e da Suarer no Brasil. (GERSON, 2013)

A região também passou a ser objeto de interesse da rede hoteleira. Em 1910, o Hotel Avenida é inaugurado, na altura da Carioca, ocupando parte do edifício onde funcionava a Galeria Cruzeiro, que apresentava características neoclássicas e ecléticas, seguindo os parâmetros da Belle Époque francesa. A construção era cortada pela linha de bondes, possuindo uma confortável estação de trem. As lojas e os restaurantes da galeria atendiam hóspedes e residentes da cidade que queriam fazer compras ou buscavam opções de lazer. Em torno de 1920, a via ficou ainda mais imponente porque a família Guinle ergueu o Palace Hotel – um empreendimento que marcou época, por atrair um público abastado e influente para essa região. (BORELLI e GAZZONI, 2019)

Em paralelo a chegada dos novos inquilinos, a avenida também se preparava para abrigar, de acordo com o projeto original de Pereira Passos, espaços dedicados à cultura da cidade: a Escola de Belas Artes (1908), desenhada por Morales de Los Rio, o Theatro Municipal (1909), elaborado por Francisco de Oliveira Passos (filho do prefeito) e o novo edifício da Biblioteca Nacional, projetado por Sousa Aguiar. (GERSON, 2013)

Referências:

BORELLI, Ana e GAZZONI, Larissa. Rio de Janeiro perdido e recuperado. Rio de Janeiro: Tix, 2019.

CPDOC – FGV. LIGHT. Disponível em: http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/LIGHT.pdf. Acesso em: junho de 2020.

GERSON, Brasil. História das ruas do rio. Rio de Janeiro: Bem-te-vi, 2013.

MOTA, Isabela; PAMPLONA, Patricia. Vestígios da paisagem carioca – 50 lugares desaparecidos do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Mauad X, 2019.

/Galeria

/Através do
Tempo

/SE LOCALIZE NA HISTÓRIA

bottom of page